sexta-feira, 23 de outubro de 2009

parto...eis a questão.

Eu tenho lido alguns textos sobre cesárea , parto normal, parto domiciliar etc. Engraçado que estou lendo isso agora , que já tive minha bebê linda. Fato é que desde o início de meu pré natal eu falava que queria sim ter Parto Normal, por todos os benefícios para mim e para o bebê, deixar o neném nascer na hora que ele quisesse, enfim, eu estava certa disso. Acabei trocando de maternidade e de médico no finalzinho da gestação, mas na primeira consulta com ela eu disse que queria o Normal... Ela concordou, mas acabei fazendo uma cesárea. Cheguei na consulta, ás 18 hs de um dia  e ela me disse que minha placenta estava velha, que eu já estava com 40 semanas de gestação e meu bebê não estava devidamente encaixado, que ela não estava dizendo que eu não tinha passagem e/ou dilatação e sim que seria uma precaução fazer  cesárea, visto que eu estava fazendo o parto sem plano de saúde ( e sim particular) , o bebê teria que ser monitorado durante essas 2 , 3 semanas q faltavam e poderia entrar em sofrimento e depois precisar de uma UTI NEO. Cesárea então marcada pro dia seguinte, às 7 da manhã. Fui convencida por medo de meu bebê sofrer por minha culpa. A médica disse também que se fosse ela, se fosse filho dela ela faria a mesma coisa. Lembro que chorei. Por medo. Ter filho com dia e hora marcada nunca foi a minha vontade. Dá a impressão que o bebê tá muito bem lá, dormindo, quentinho e vem alguém e arranca ele de lá. Enfim... Correu tudo dentro do previsto, minha filha nasceu saudável, mas ainda hoje fico pensando na outra opção e SE fosse parto normal, como seria?

Coisas do tipo " Cesárea não é parto e sim cirurgia" eu nunca tinha parado pra pensar.
Mesmo assim, mesmo tendo feito cesárea não me sinto menos mãe do que uma que tenha tido PN. Não me sinto mesmo. Cesárea pra mim, foi parto sim. Foi o que eu fiz ou fui levada a fazer, mas foi.  Foi o momento que eu vi a pessoa mais importante do mundo pra mim nascer.Não faço de maneira nenhuma apologia a nada. Não estou culpando a médica nem ninguém. Foi uma opção minha , talvez numa próxima ocasião eu tenha normal. Aliás , próxima ocasião vai demorar um pouquinho hein. Nossos filhotinhos dão um trabalho!




***tenho lido também sobre intervenções medicamentosas, deixar o bebê nascer sem remédios, enfim, tudo muito novo pra mim. Nunca fui adepta a radicalismos. Estou me informando sobre tudo.

2 comentários:

christine ferreira azzi disse...

olha, vou dar meu palpite de mae e de palpiteira mesmo. eu sou contra qualquer tipo de patrulha, pq quando a gente engravida é que a gente descobre o que é viver sob patrulha: patrulha do parto ("tem que ser parto normal"), patrulha do peito ("tem que mamar so no peito"), patrulha da creche ("vc vai deixar ele na creche assim, tao pequeno?"), patrulha da boa forma, patrulha da saude, etc. na verdade, nao tem que ser nada. tem que ser o que for possivel ser, para a mae e para o bebe. sem estresse, sem culpa, pq ser mae ja nos obriga a conviver com mil culpas, entao vamos dispensar algumas.
tive meu filho de parto normal; foi escolha dele, e pronto. eu tava preparada pra qualquer coisa, so queria era ficar tranquila e segura. se fosse cesarea, ok tb. na verdade, foi ele quem decidiu quando e como nascer, e como nao sabe esperar (ate hoje), o danado nasceu um tempo antes. se fosse pra ter outro de normal, acho ok. mas doi pra cacete, rola tb um tempo de recuperacao, etc. nao é nenhuma moleza, assim como a cesarea, parto natural, de cocoras, leboyer, etc, nao sao processos em hierarquia, isto é, nao ha resposta definitiva e fechada para todas as maes.
levantar bandeiras, como é o caso de muitas pessoas (nao o seu), de livros, tvs, nao ajuda em nada a mae que, por um motivo ou outro, nao teve o processo "adequado". meu filho teve que passar pela uti neonatal, e nao mamou so no meu peito desde o inicio, pois o processo de alimentacao dele foi diferente. isso me perturbou muito, e a patrulha do peito nao me ajudou nada a compreender que, naquele momento, o mais importante era ele estar vivo e eu estar ao lado dele. ha maes que nao conseguem amamentar. ha maes que nao têm parto normal/natural. ha maes que precisam voltar ao trabalho e ficar longe do filho durante o dia. e ai, sao menos maes por conta disso?
ha um movimento na europa de maes que se autointitulam "maes indignas". nada mais é do que uma resposta a essa ditadura da mae perfeita, ao discurso do que "tem que ser". isso porque ja foi provado que as "maes perfeitas", isto é, aquelas que mudam completamente depois de ter filhos se tornam maes rigidas, obcecadas pela perfeicao e com tendencia a cobrar esse mesmo comportamento dos filhos. pipocam livros na frança, agora, do tipo "como nao ser uma mae perfeita". nao é engraçado?
levei um tempo para reconhecer que sou uma mae imperfeita (meu menino tem 4 anos) e ficar feliz com isso. afinal, eu sou mae o tempo todo, mas tambem tenho que trabalhar, estudar, namorar o pai dele, e me divertir um pouquinho. desse jeito, posso ser uma mae mais feliz e deixar meu filho mais feliz tb (mesmo que isso signifique, as vezes, que ele jante um sanduiche quando tenho aula a noite).
beijos e boa sorte com a filhinha.

Kate disse...

ai, vava, concordo com muito do que foi dito, ms o que dói é pensar é pensar no quanto os médicos usam o poder que tem para instrumentalizar cada vez mais o parto em vez de deixá-lo ser uma coisa natural, fisiol[ogica, como de fato é. bjs