sexta-feira, 25 de setembro de 2009

a dona ...

Enfim ela nasceu. E com ela veio a realização de tudo aquilo que eu imaginava que fosse ser. Ser mãe é uma doação total. Momento de total auto conhecimento, momento em que a gente se despe de qualquer capricho imaturo. Tem que acordar meeesmo de madrugada e às vezes até mesmo não dormir. Tem que se acostumar a ficar descabelada, a adiar a hora do banho, do café da manhã e do almoço se a cria resolver mamar. Primeiro tem que arrumar as coisinhas dela, dar o banho dela, dar o remédio dela, arrumar a bolsa dela pra depois se olhar. Aliás, bolsa... bolsa você deixa de usar um pouco, não vai ficar carregando a sua, a da criança que já enorme. Ela chora e a gente já imagina tudo. Febre? Dor? Fome? Não, não, pode ser só manha mesmo. E como não mimar? E como não acostumar ela a dormir em cima do seu peito pra depois colocar no berço? E como não colocar o rosto junto ao dela pra ver se está respirando? Como? Tenho medo de deixa cair água dentro do ouvidinho dela enquanto dou banho. Tenho peninha de ter que trocar a fralda dela de madrugada. Tenho raivinha quando ela faz xixi enquanto troco a fralda. E faz mesmo. Gosto de ficar olhando para aquelas bochechas e de ficar procurando algum sinal meu ou do João no rostinho, nos trejeitos dela. Perdi a vergonha de cantar e canto pra ela. Pego no sono contando histórias malucas só pra ela ficar ouvindo a minha voz e se distrair. Ela é minha cúmplice. Me olha com aqueles olhinhos castanhos molhados e vivos e me indaga: Mãe, quem eu vou ser? Mãe, me ajuda? Ela é foda. Cada vez grita mais alto. Arranca o lençol do berço, faz força com as perninhas, presta atenção na música da boneca de dar corda.Ela faz bico, franze a testa, sorri, sorri, sorri. Ela é um barato. A dona da minha vida. Te amo minha filha.